O Comando Vermelho cobra taxas de provedores de internet e de comerciantes em comunidades de Salvador, na Bahia, como Cosme de Farias, Complexo do Nordeste de Amaralina e Engenho Velho da Federação. Os empresários que querem continuar atuando em áreas dominadas pela facção precisam pagar uma “mensalidade”, e quem se recusa sofre agressões e é impedido de trabalhar.
Moradores entrevistados pelo site Correio 24 horas relatam episódios de empresários que foram alvos de tiros por se negarem a negociar com os traficantes. Em muitos lugares, provedoras de internet sérias foram embora, abrindo espaço para prestação clandestina do serviço.
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No Rio de Janeiro, onde esse tipo de prática começou, a Secretaria de Segurança Pública identificou, em janeiro deste ano, empresas de internet que operam apenas em áreas dominadas por facções. Relatório da subsecretaria de inteligência apontou movimentações milionárias incompatíveis com o capital social dessas empresas.
Na Bahia, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) registrou 220 denúncias de prestação clandestina de internet desde 2020, sendo 30 em Salvador. O “CV net”, como ficou conhecido, virou alvo do Ministério Público do Estado, que investiga a prática.
Comando Vermelho define valores e impõe monopólio
A cobrança do “pedágio” começa com mensagens enviadas por WhatsApp. “Enviam áudio de escuta única no WhatsApp, sempre de perfis com mensagens ou fotos religiosos para ninguém desconfiar”, relatou um comerciante ao Correio 24 horas. “Quando abre, a pessoa se depara com a intimidação, dizendo que a partir daquele momento terá que pagar o pedágio.”
No bairro de Engenho Velho da Federação, a extorsão atinge as localidades de Baixa da Égua e Forno. Um ex-provedor afirma que foi forçado a rear os clientes a outra empresa por não conseguir pagar a taxa. “Eles estabelecem o valor pela quantidade de clientes, de 20% a 30% do valor da mensalidade cobrada ao morador”, afirma.
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Em Tancredo Neves, apenas um provedor autorizado pela facção pode operar. No dia 19 de março, criminosos incendiaram equipamentos de empresas rivais. Em agosto de 2023, parte da fiação foi arrancada por integrantes do CV depois da negativa de pagamento.
Moradores denunciam insegurança
Em maio, o influenciador baiano Pedro Valente, com mais de 300 mil seguidores, relatou ter ficado cinco dias sem internet. Ele disse que a operadora Tim não conseguiu enviar técnicos à sua residência por considerar a área como “de insegurança permanente”.
Em Cosme de Farias, comunidade de Salvador, o “pedágio” atinge padarias, bares, salões e outros comércios. “Todo mundo paga entre R$ 100 a R$ 300, que pode ser por semana ou mensal”, afirma um dono de lanchonete. “E quem é que vai negar? Ninguém quer ter o mesmo fim do dono do gás”, diz ele, lembrando Gerson Leopoldino Andrade, de 69 anos, morto em setembro de 2023 por não pagar a taxa de R$ 7 mil.
A Conexis Brasil Digital, que representa operadoras como Oi, Tim, Claro e Vivo, afirmou que “o bloqueio de o das equipes das prestadoras em algumas regiões pode afetar a capacidade das empresas em realizar a manutenção e instalação de seus equipamentos”. A entidade defende uma ação coordenada dos poderes públicos para garantir a segurança das operações.
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A Secretaria de Segurança Pública da Bahia, a Polícia Civil e a Polícia Militar não se manifestaram sobre o caso.
É ISSO AI !! ESTÁ AI O RESULTADO DO PORQUÊ OS BANDIDOS FAZEREM FESTA COM A ELEIÇÃO DO LADRÃO NAS PRISOES.
A Bahia e o Rio de Janeiro, alguma coisa em comum?